A cibersegurança em Angola tornou-se uma preocupação nacional. O aumento da digitalização, das transações online e do uso de redes corporativas sem proteção adequada tem colocado empresas e instituições públicas sob ameaça constante.
De acordo com relatórios recentes da Agência de Proteção de Dados (APD) e da Check Point Software Technologies, Angola é atualmente classificada como um dos países africanos com maior risco de ataques cibernéticos. Em 2025, o número médio de incidentes aumentou 58% em comparação com o ano anterior.
1. Sector Bancário e Financeiro
O sector financeiro é o alvo número um de ataques cibernéticos em Angola.
O Banco Nacional de Angola (BNA) revela que o sistema bancário sofre mais de 250 tentativas de intrusão por dia, envolvendo técnicas como phishing, malware e acesso indevido a contas de clientes.
As instituições financeiras investem cada vez mais em segurança digital, implementando sistemas de deteção automática, firewalls avançadas e autenticação multifator. No entanto, o roubo de credenciais e as fraudes online continuam entre as principais ameaças.
2. Telecomunicações
O segundo sector mais visado é o das telecomunicações.
Empresas como a Unitel e a Movicel enfrentam milhares de tentativas de ataque por ano, muitas delas direcionadas a infraestruturas críticas. Em 2024, a Unitel reportou ter bloqueado mais de 30 mil ataques cibernéticos, a maioria destinados a servidores e sistemas de rede.
Estes ataques podem causar interrupções nos serviços de internet, falhas em sistemas de faturação e até espionagem digital.
3. Educação e Investigação
As universidades e centros de investigação também se tornaram alvos prioritários.
Relatórios indicam que o sector da educação em Angola recebe entre 2.200 e 2.500 ataques cibernéticos por semana. O objetivo dos hackers vai desde o roubo de dados pessoais de estudantes até ao sequestro de sistemas através de ransomware.
A baixa maturidade em políticas de segurança informática e a partilha de redes públicas tornam o ambiente académico vulnerável.
4. Sector da Saúde
O sector da saúde registou um aumento de 47% nos ataques cibernéticos em 2024.
Hospitais e clínicas angolanas são vítimas frequentes de ransomware, em que criminosos bloqueiam o acesso a sistemas médicos e exigem resgate financeiro.
Com o crescimento do armazenamento digital de prontuários e dados sensíveis, o reforço da proteção de dados tornou-se urgente neste sector.
5. Sector Comercial e Privado
O sector comercial e empresarial é outro campo em expansão de ataques.
A APD reportou que 17,4% das inspeções realizadas em 2023 estavam relacionadas a violações de dados em empresas privadas. Os ataques visam sobretudo plataformas de e-commerce, sistemas de pagamento e bases de dados de clientes.
A falta de políticas de cibersegurança corporativa e o uso de softwares desatualizados aumentam o risco neste segmento.
Conclusão
A cibersegurança em Angola é hoje um pilar essencial para a proteção de dados, continuidade operacional e confiança digital.
Os sectores bancário, telecomunicações, educação, saúde e comercial são os mais atacados, exigindo investimento contínuo em defesa digital, formação de equipas técnicas e políticas de prevenção.
A transformação digital do país deve vir acompanhada de uma cultura forte de segurança digital, com foco em:
- Implementação de autenticação multifator;
- Auditorias regulares de segurança;
- Campanhas de sensibilização contra phishing e engenharia social.